Mondego Agrícola: agricultores de Montemor-o-Velho combatem nova praga com melhoramento genético das sementes

Fecha de publicación: 05/09/2024
Fuente: AGROTEC
O recurso a sementes geneticamente melhoradas é uma prática cada vez mais consolidada entre os agricultores do Baixo Mondego. O objetivo é reduzir o impacto das infeções por vírus, fungos e bactérias que afetam as culturas de milho e arroz, tornando-as cada vez mais resistentes a doenças e intempéries.

O exemplo mais recente está no vírus do nanismo do milho, praga agrícola detetada nesta campanha no Baixo Mondego, afirma Francisco Dias, engenheiro agrícola, técnico da Cooperativa Agrícola do Concelho de Montemor-o-Velho (CACMV) e formador da Escola Profissional e de Desenvolvimento Rural do Baixo Mondego (EPDRBM).
"O vírus do nanismo do milho leva à formação de plantas anãs e improdutivas, o que pode causar prejuízos elevados. Este vírus é transmitido por um inseto (cicadelídio) portador do vírus, que o transmite de planta em planta. Neste momento estão a ser avaliados os prejuízos e está a ser elaborada uma lista de variedades tolerantes a esta virose, para tentarmos perceber o que fazer nos próximos anos. As perdas serão avaliadas agora, na colheita, com maior precisão", afirma Francisco Dias.
Os agricultores estão confiantes e acreditam que os danos estão controlados, graças ao esforço gradual e concertado de várias instituições locais. Parte desse trabalho culmina com a realização do evento Mondego Agrícola — Feira das Culturas, que decorre hoje e amanhã em Sabico das Areias, Montemor-o-Velho, onde os agricultores têm a oportunidade de adquirir plantas melhoradas geneticamente para a região.
O melhoramento genético das sementes tem sido o principal recurso dos agricultores do Baixo Mondego. Num cenário em que também existe resistência aos herbicidas, o desenvolvimento de variedades adequadas às condições climatéricas e com resistência a vírus, fungos ou bactérias específicas constitui a maior proteção contra as pragas agrícolas. O Mondego Agrícola 2024 proporciona aos visitantes um ensaio de variedades de milho de elevado potencial genético, permitindo aos agricultores escolherem as variedades com as características que melhor se adaptem às condições edafoclimáticas do solo.
"No caso desta virose, sabemos que existem variedades de plantas mais resistentes do que outras. As plantas desenvolvidas em conjunto com a investigação científica criam variedades resistentes às pragas e adaptadas, por exemplo, às novas condições climáticas: mais resistentes à falta de água e com maior tolerância a temperaturas mais elevadas e ventos fortes", diz Francisco Dias.
Em linha com o resto do país e do mundo, a gestão das plantas infestantes na cultura do arroz tem sido outro desafio enfrentado pelos orizicultores do Baixo Mondego. "A investigação não está a conseguir encontrar novos herbicidas capazes de controlar as plantas infestantes no arroz", explica o engenheiro agrícola, problema que decorre da criação de resistência aos produtos fitofarmacêuticos. No Mondego Agrícola os orizicultores podem visitar ensaios de variedades de arroz, fertilizantes, novos herbicidas e uma vitrine de variedades do sistema Provisia.
A doença mais grave da região na cultura do arroz é a piriculariose, causada por um fungo que se instala nas folhas, caules e panículas, causando lesões que afetam a produção do arroz. Das três zonas orizícolas nacionais, a zona do Baixo Mondego é a mais afetada, devido ao facto de as condições climatéricas serem propícias ao desenvolvimento da doença, com humidades relativas elevadas.

O evento Mondego Agrícola tem início hoje e a organização dá conta de um interesse crescente dos profissionais do setor, estando a tornar-se um evento nacional. Está prevista a presença de produtores provenientes de outras regiões do norte e sul do país, que poderão visitar a feira agrícola e assistir, a partir de hoje à tarde, a palestras sobre estes temas.
Realizado em contexto de campo, o Mondego Agrícola exibe ensaios das variedades de plantas disponíveis para os agricultores, incluindo ainda demonstrações dos equipamentos e técnicas mais adequadas de cultivo e colheita, viradas para uma agricultura de precisão. «Precisamos de equipamentos modernos e adequados porque, se a agricultura não for uma atividade atrativa, não há quem queira trabalhar no setor», afirma Francisco Dias.